60 DEGRAUS – Mais um passo

Formação completa na FACOM: O que o aluno da graduação ganha com os programas de Mestrado e Doutorado?

Para alunos e alunas da graduação, o mestrado e o doutorado podem parecer muito distantes, ou até mesmo inalcançáveis. Em contrapartida, aqui na Faculdade de Comunicação (Facom) temos o privilégio de ter a oportunidade de formação completa: graduação em Jornalismo e em Rádio TV e Internet, o Programa de Pós-Graduação (PPGCom) com mestrado e, agora, com o curso de doutorado saindo do forno, oferecendo a sua primeira turma nesse semestre.

Segundo o professor Dr. Paulo Roberto Figueira Leal, do quadro permanente do PPG e colaborador do PET, “a Universidade não deve ser local de mera reprodução de conhecimento já existente, mas sim espaço de produção de conhecimento novo”. Segundo ele, “o sistema de pós-graduação facilita o cumprimento da missão universitária, que é integrar ensino, pesquisa e extensão, e quanto mais consolidado o sistema de pós, melhor para a qualidade da graduação”. Programas como o PET também contribuem com essa integração, uma vez que estimulam a troca de conhecimentos entre alunos da graduação, mestrado e, agora, do doutorado. O professor Dr. Potiguara Mendes Silveira, também do PPG e do PET, pontuou bem ao acrescentar outras vantagens: “os alunos ganham maturidade em suas pesquisas em Comunicação. Doze anos após a implantação do Mestrado, reforça-se em grau mais exigente a necessidade de professores e alunos se mostrarem contemporâneos de seu tempo, mediante: identificação de temas emergentes no mundo digital; prospecção quanto a seus efeitos e possíveis desdobramentos; e a proposição de intervenções adequadas aos casos específicos, ao ambiente geral das trocas e convivência das ideias, e, sobretudo, ao incentivo de experiências inovadoras”.

A aluna do curso de jornalismo diurno Camila Wendling confirmou que, tendo contato com ex-alunos da pós que já estão no mercado de trabalho, pôde descobrir outras formas de atuação além da área acadêmica, e que tinha uma visão limitada quanto à atuação do profissional de Comunicação. Há mais ou menos um ano ela faz parte do grupo de pesquisa Sensus (que teve origem em módulos do PET), liderado pelo professor Dr. Wedencley Alves, e diz que participar desse espaço ampliou muito sua visão como estudante de graduação. Antes, pensava que o mestrado era algo distante de sua realidade: “Descobri um outro lado do meu curso que me ajudou muito a perceber como a comunicação é algo plural”.

Apesar de existir há 12 anos, o programa de pós-graduação da Facom teve sua idealização há 23 anos atrás, quando o professor Dr. Francisco Pimenta, tutor do PET, na época professor visitante, foi encarregado de iniciar os trabalhos para a sua criação, acompanhando iniciativas semelhantes em outras unidades. A partir de um intercâmbio com a UFRJ, mais doutores foram sendo formados e as primeiras especializações foram oferecidas. Dez anos depois, o programa foi credenciado pela Capes. “Foi possível porque contava com muitos estímulos e colaborações, em especial da Marta Pinheiro (hoje na UFRJ), Potiguara, Dalmer (hoje na UFAL) e Cláudia Lahni, com o reforço do Paulo e da Iluska quando já estava quase desistindo, o apoio de técnico-administrativos, como a Cida e o Jesualdo, e também dos alunos, especialmente do PET, de iniciação científica, e das especializações”, diz Chico. A principal dificuldade, segundo o tutor do PET, foi ter de começar tudo do zero: “Criamos a revista, o site da faculdade, o primeiro grupo de pesquisa, conseguimos as primeiras bolsas de monitoria, de iniciação científica, lutamos para manter o PET, entramos nos comitês de pesquisa da Universidade, ajudamos a criar o sistema de pós-graduação da UFJF, começamos a frequentar a Compós, Intercom, criamos especializações, etc, e tudo isso sem um mínimo de cultura de pós na Facom. Ao contrário, encontramos muita resistência. Tudo foi dificílimo. Tivemos até de ganhar uma eleição para a direção para conseguirmos implantar o programa”.

Uma das doutoras formadas pelo intercâmbio com a UFRJ, a professora Dra. Christina Musse, que é, hoje, a vice-coordenadora do PPGCom, destacou outros desafios que foram enfrentados na implementação do Programa, alguns deles ainda existentes, como o aperfeiçoamento da qualidade, a produtividade, a visibilidade, e uma infraestrutura administrativa que garanta o funcionamento do programa de uma maneira realmente exemplar. Segundo ela, o principal ponto que sempre pesou para garantir a excelência do PPGCom foi a infraestrutura, não só física, já melhorada com o novo prédio, mas principalmente técnica, de servidores técnico-administrativos. Com isso, o Programa ainda não pode atender todas as demandas, porque faltam pessoas nos horários necessários e a Universidade não consegue solucionar o problema desde o credenciamento. No primeiro ano de funcionamento, o Coordenador, professor Chico, além de dar aulas e lutar para consolidar o Programa, ainda teve de atuar como secretário.

Em relação à troca entre graduação e a pós-graduação, Christina Musse destaca a atuação dos grupos de pesquisa ou projetos como os módulos do PET: “esses professores, em especial, fazem uma troca, através dos seus bolsistas de extensão, de iniciação científica, monitoria e treinamento profissional. Mas, como acredito que nem todos os alunos se interessam por iniciação científica, é preciso explicar, desde o início, a importância dessa vivência na trajetória acadêmica, sejam eles alunos que no futuro vão se dedicar à pesquisa ou que vão atuar no mercado. Na disputa por vaga para ser um trainee ou para uma grande corporação, e, certamente, na área pública, a experiência da iniciação científica, e, mais ainda, a experiência de um mestrado, talvez um doutorado, faz a diferença”, afirmou. “Os professores estão indo a congressos, estabelecendo trocas com colegas de outros países, estão publicando, produzindo, o que são exigências básicas do conhecimento.”

Para a aluna da primeira turma do doutorado da Facom Marina Sad, mestre pelo  PPGCom, um contato importante entre a graduação e a pós acontece no estágio docência: “Um dos meus estágios foi na disciplina “Pesquisa em Comunicação” na qual alunos da turma contribuíram com a minha dissertação, sugerindo até um método de pesquisa que poderia ser aplicado, e acredito que tenha contribuído também, dando sugestões para o artigo que eles entregaram ao final da disciplina e durante os debates em sala de aula”. Marina destaca o fato dos mesmos professores darem aulas na graduação e na pós ajudar muito na realização de pesquisas em conjunto, uma vez que o aluno se sente mais à vontade para debater autores e teorias, mas defende que é necessário participar de congressos e manter contato com pesquisadores de outras universidades para ter uma visão mais ampla do campo.  

Os novos intercâmbios com o curso de doutorado também foram destacados pela professora Christina Musse, em especial estágios-docência com alunos com formação mais consolidada: “é importantíssimo em termos de trocas de conhecimentos, de vivências, de percepção de mundo, de construção de algo coletivo”. Ela acredita que o doutorado também trará outras conquistas à Faculdade, como a sua internacionalização: “O que nós precisamos é que os alunos de graduação percebam o quão importante é participar de um workshop de um curso que é dado por um professor estrangeiro para que abram suas mentes a tudo que existe no mundo e que isso não é um diferencial apenas para o emprego e, sim, para a vida, para a sua posição política”.

DICA DO PET: para quem ainda não sabe, professores da pós têm grupos de pesquisa que são abertos a todos os alunos da faculdade. Se você tem curiosidade de saber as áreas e temas em discussão, procure a coordenação do PPGCom para se informar ou, até mesmo, os alunos do PET que costumam frequentar alguns desses grupos. Não desperdiçar as oportunidades que a Universidade nos propõe é um dos meios de ter uma formação de qualidade. Professores bem capacitados, infraestrutura e apoio estudantil de nada adiantam, se os alunos não sabem tudo o que podem aproveitar de um ensino completo.

Bruna Polesca

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