PET NA ESCOLA: UMA PROCESSO COLETIVO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Por: Alice Sagaterio

estudantes da escola JK recebem diploma de participação das oficinas no auditório da Faculdade de Comunicação

Neste mês, o projeto de extensão “Pet na Escola” completa um ano de existência. A iniciativa teve  inspiração nas atividades realizadas pelo Laboratório de Produção Audiovisual no ano de 2022, onde os bolsistas colaboraram como assistentes na oficina “Produção Audiovisual com Celular Para Jovens”, durante o Festival Primeiro Plano. Assim, a partir desta experiência,  o grupo se propôs a realizar sua própria oficina de audiovisual para adolescentes. 

Estruturamos dois formatos de oficinas: uma de telejornalismo e outra de mini-ficção. Desde o primeiro encontro, tivemos uma preocupação metodológica em  adequar a linguagem acadêmica específica dos cursos de jornalismo e RTVI para secundaristas da rede pública de Minas Gerais. Assim, consideramos essencial fundamentar as atividades propostas em uma metodologia de trabalho que se baseia em noções pedagógicas, onde os processos coletivos de ensino-aprendizagem são fundamentais.

As reflexões de Ranciere sobre o papel emancipador da educação  – que se aproximam em alguns pontos da teoria e metodologia de Paulo Freire – nos guiaram pedagogicamente para a realização deste projeto. Entendemos que era extremamente necessário pensar o processo pedagógico como um todo, formando um percurso no qual a igualdade de condições seja dada como um ponto de partida e não como um fim  – que o mestre sabe e o(a)s aprendizes não sabem. Desta forma, entendemos que o objetivo é fazer com que as ambas as partes alcancem uma igualdade do saber. 

Não queríamos estar no papel de “mestre ignorante” nesse processo.  O mestre não é “ignorante” não porque não sabe conceitos, processos e conteúdos, mas porque não detém um conhecimento dos contextos específicos em que seus saberes servirão para solucionar problemas de aprendizado. Para Ranciere (2022), o objetivo é que o aprendizado ocorra através da resolução de problemas e que a distinção entre mestre e aprendiz não seja determinada pela quantidade mensurável de conhecimento, mas sim pela maior ou menor experiência em lidar com os contextos de solução de problemas.  É nessa suposição em que se ancora a ideia de que o mestre e o aprendiz são iguais: no sentido de serem corresponsáveis pelo processo de conhecimento, cabendo ao mestre não a pura transmissão, mas a instauração de uma vontade coletiva de solucionar – interativa e coletivamente- problemas. 

 Uma via de mão dupla

O Pet na Escola  é uma iniciativa que visa promover contato e interação recíproca entre as escolas e a universidade, bem como entre os bolsistas do grupo e a realidade de alunos de escolas públicas da cidade.  Ademais, se estabelece como uma via de mão dupla, ao fomentar e oportunizar o contato dos bolsistas com realidade social e cultural das escolas públicas da cidade e as condições mediante as quais os jovens entram em contato com os produtos comunicacionais, um processo extremamente importante. 

bolsistas e estudantes em “reunião de pautas”

Ao todo, foram realizadas três oficinas: duas na Escola Estadual Juscelino Kubitschek (Santa Luzia), no segundo semestre de 2023, e uma na Escola Estadual Presidente Costa e Silva (Benfica), no primeiro semestre de 2024. 

Bolsistas e secundaristas atrás das câmeras.
estudantes preparando para gravar o “povo fala”

A concretização do projeto “Pet na Escola” proporcionou uma experiência transformadora para os envolvidos. O aprimoramento do conhecimento em técnicas de produção audiovisual, mesmo que ainda de forma introdutória, tem potencial de possuir diversas implicações na vida dos alunos das escolas secundaristas da rede estadual mineira de Juiz de Fora. Com a teoria ensinada e a prática auxiliada, os estudantes tiveram a possibilidade de contar histórias e destrinchar fatos de seus cotidianos, a partir de uma produção integrada e com uma visão diferenciada sobre a comunidade.

As primeiras experiências do projeto “Pet na Escola” demonstraram um potencial educacional e cidadão na formação midiática e curricular dos alunos contemplados, e na ampliação da consciência na avaliação crítica dos processos comunicacionais dos mesmos. Além da colaboração teórico-prática dos bolsistas envolvidos, possibilitando a aplicação dos conhecimentos e habilidades trabalhados na graduação em prol da comunidade. Na prática, o projeto resultou em dois produtos audiovisuais, mas para além disso possibilitou um local seguro para que os estudantes pudessem exercitar de forma harmoniosa os seus interesses na área do cinema, escrita, direção e produção

Os produtos práticos das oficinas podem ser conferidos em: https://www.youtube.com/user/petfacom. Esperamos ter mais oportunidades de caminhar com o projeto em escolas  da rede pública de ensino de Minas Gerais!

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