EXTENSÃO NÓS – GABRIEL FERREIRA

Nós, novo projeto de extensão do PET, foi criado com o objetivo de transmitir as ideias de nossos petianos e divulgar seus temas e desenvolvimento de pesquisas. Procuramos, assim, incentivar a aproximação de nosso núcleo com o meio acadêmico, alunos e a faculdade. Venha então conhecer um pouquinho mais de Nós!

Gabriel Ferreira Borges

Os estudos sobre o cronista João Saldanha

Gabriel, qual o seu atual projeto de pesquisa?

Meu atual projeto de pesquisa é sobre o João Saldanha. Ele foi cronista esportivo, apesar de não ser jornalista de formação. A faculdade que começou foi a de Direito, mas não a terminou. Se tornou cronista devido à aproximação que tinha com o esporte. Era comunista assumido e lutou em conflitos de terras no sul do País, no final da década de 40. Não escondia seu posicionamento, mesmo no pior período da ditadura militar durante o governo Médici. Surpreendentemente, foi o técnico da seleção brasileira nessa época, nos anos 1969 e 1970. A questão de um comunista ocupar esse cargo em plena ditadura era muito controversa.

Pouco antes do embarque para o México, ele foi demitido, apesar de ter classificado a equipe para a Copa de 1970 com aproveitamento de 100% nas eliminatórias. Ninguém sabe ao certo o porquê de sua demissão, há diversas teorias e hipóteses. Procurando entender melhor essa questão, busco saber como ele descreveu sua saída da seleção, fazendo a análise de discurso de suas crônicas. O material analisado consiste de matérias que publicou no Globo, pois havia acabado de se tornar cronista diário do jornal, em 1970, um mês antes de sua demissão.

Quais foram as outras pesquisas desenvolvidas no PET?

A primeira pesquisa que desenvolvi no núcleo também foi sobre o Saldanha. Foi uma tentativa de análise discursiva das postagens de três jornais cariocas, O Globo, Jornal do Brasil e O Correio da Manhã, sobre a demissão do cronista, no dia seguinte ao ocorrido. Minha hipótese era a de que havia uma grande campanha na imprensa, apesar de Saldanha fazer parte dela, dando suporte à sua demissão. A ideia, porém, acabou sendo negada.

Além deste artigo, no qual analisei mais a materialidade dos jornais e o que foi publicado sobre a demissão, redigi outro no qual analisei o que o próprio Saldanha dizia sobre o fato. Já a que desenvolvo atualmente analisa uma publicação feita por ele na revista Placar. A meu ver, ele tinha plena consciência de onde estava escrevendo, mas o fazia de modo muito sutil, pois possuía uma maneira irônica de se expressar, deixando espaços de interpretação para o público. Portanto, fazer a análise de discurso de sua publicação é muito interessante para entender sua verdadeira intenção.

Há alguma dificuldade em encontrar o material necessário para essa pesquisa?

Não. Os conteúdos, eu consigo achar na internet e no acervo da Biblioteca Nacional. Encontrei tanto do Jornal do Brasil quanto do Correio da Manhã. Já os do Globo, tive de assinar o jornal, pois eles não disponibilizam o acervo para o público.

De onde surgiu seu interesse pela área esportiva?

Sempre tive interesse. Entrei na faculdade com o intuito de atuar nessa área quando formasse. Acompanho constantemente tudo o que tem relação com ela, principalmente com o futebol. O PET, para mim, foi a oportunidade de poder pesquisar sobre isso.

E por que o João Saldanha?

Uma vez me deparei com um livro do Saldanha, composto por crônicas dele entre as copas de 1966 e 1970. Tive curiosidade pelo assunto, decidi ler e quis saber mais. Acabei descobrindo que ele seria um ótimo objeto de pesquisa. E desde então é no que venho focando meus projetos.

Quais suas outras áreas de interesse?

Eu tenho grande interesse pela política. Ela, na verdade, tem tomado grande parte de minhas pesquisas, pois o Saldanha era um comunista fortemente assumido, e serve, portanto, de grande gancho para o tema. No futuro, pretendo desenvolver pesquisas sobre a política e nelas continuar utilizando o método da análise de discurso, que é o que mais me identifico, e o que uso em todos os artigos que já fiz.

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