EXTENSÃO NÓS – ALINE NEGROMONTE

Nós, novo projeto de extensão do PET, foi criado com o objetivo de transmitir as ideias de nossos petianos e divulgar seus temas e desenvolvimento de pesquisas. Procuramos, assim, incentivar a aproximação de nosso núcleo com o meio acadêmico, alunos e a faculdade. Venha então conhecer um pouquinho mais de Nós!

Aline Sotto Maior Negromonte

Petiana desde abril de 2015

  • Qual sua área de pesquisa? O que desenvolve sobre ela?

 Minha pesquisa é na área de cinema. O primeiro recorte que escolhi foi a presença de latinos nas produções hollywoodianas. Este interesse surgiu, primeiramente pelo fato de, como latino-americana, sentir que inúmeras vezes os latinos são subrepresentados ou até mesmo invisibilizados no cinema mais mainstream. Não é preciso ser um especialista para perceber que representatividade, na mídia e na arte, importa, porque afeta a autoestima e a autoimagem de inúmeros grupos.

A partir desse recorte, surgiram duas pesquisas, que diferem em períodos e objetos analisados. A atual é sobre o período clássico de Hollywood, conhecido como Era de Ouro, entre os anos 30 e 40. Nela, faço uma breve análise sobre a indústria cinematográfica da época e como ficava a representação de atores não-eurocêntricos, com destaque para os latinos. O estudo é focado nos papeis da atriz Katy Jurado, (1924-2002), por seu pioneirismo e relevância como primeira atriz latino-hispânica indicada ao Oscar da Academia.

Pesquisei parte da obra cinematográfica do diretor latino-americano mais relevante nos últimos tempos: Alejandro González Iñárritu, o primeiro mexicano a ganhar o Oscar de melhor diretor na história da Academia. O recorte foram duas obras mais antigas dele (Amores Brutos e Babel) e duas recentes (Birdman e O Regresso). Foram analisadas as percepções do público já familiarizado com o cineasta sobre possíveis mudanças significativas na produção cinematográfica, à medida em que o diretor se adaptava à Hollywood.

  • Além das mencionadas, já trabalhou em outros temas ligados ao cinema?

Sim. Outra pesquisa que realizei foi sobre cinema de animação, com base na semiótica. Escolhi como objeto cinco frames do filme “O conto da princesa Kaguya”, de Isao Takahata. Esta animação é do Studio Ghibli, e uma de suas mais recentes. Além do meu apreço por ela, acreditei que seria um objeto interessante para uma análise semiótica porque, comparada a outros animes (animações japonesas), ela não tem o traço dos desenhos das demais produções. O traço dos personagens é limpo, mas, quando há movimento brusco, são engrossados, e modificam-se consideravelmente por um período.

  • Como surgiu seu interesse pelo cinema?

Sou fascinada desde criança. Acredito que o cinema tem uma capacidade impressionante de te levar para um novo mundo, ou de proporcionar um conjunto de sensações de forma única. E tudo isto em um conjunto limitado de tempo, diferentemente de um grande romance literário, por exemplo.

  • Que importância você atribui às pesquisas sobre cinema?

Produções artísticas ou de entretenimento têm um impacto sobre quem as frui ou consome. A imagem de um grupo étnico em produções cinematográficas de grande alcance, por exemplo, pode ser representada de forma com base na realidade ou em estereótipos preconceituosos. Isso causa um impacto na autoimagem e autoestima de quem as assiste. Vivemos em uma época em que grupos historicamente perseguidos ou marginalizados na sociedade viabilizam suas demandas e criticam comportamentos destrutivos.

Acredito que apontar os problemas nas subrepresentações dos latinos, por exemplo, é revelar que, além de estereótipos preconceituosos serem meramente invenções, é possível revertê-los, fazer diferente. Um dos dados que chamou minha atenção na pesquisa é que, hoje, o público que mais vai ao cinema nos EUA é justamente o latino. Ao mesmo tempo, atores latinos ou descendentes reclamam que seus papéis só tem diminuído ao longo dos anos. Acredito que expor o tamanho do problema é também possibilitar que se demandem mudanças.

  • Quais outras áreas de pesquisa despertam seu interesse?

Tenho interesse pela área de Artes em geral. Inclusive, antes de entrar para a Faculdade de Comunicação, me formei em Artes e Design, aqui mesmo na UFJF. Além de cinema, gosto das narrativas sequenciais, o que engloba as histórias em quadrinhos, a “nona arte”.

  • Durante sua pesquisa, houve alguma descoberta que julga interessante?

Sim. Nos estudos, descobri que há mais representação de latinos em séries do que no cinema. A série “Jane, The Virgin”, por exemplo, é citada em um dos artigos que consultei, com uma quantidade notável de atores e atrizes latinas no elenco. É importante notar também que essa produção imprime o estilo soup opera, tipo de novela muito popular entre imigrantes mexicanos nos Estados Unidos. Ou seja, mesmo neste caso, segmenta os latinos a um nicho específico.  Sobre o porquê disso não tenho conclusões. Há pesquisas que mostram que séries procuram ser mais inclusivas, por serem voltadas a nichos, mas outras investigações defendem que o volume de séries pode ser maior que o de filmes, o que possibilitaria maior diversidade.

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